Nego Di e esposa são outra vez interrogados em processo sobre suposta fraude em rifas online 686c4z

Humorista e influenciador é réu por estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e promoção ilegal de loteria. Ministério Público aponta que mais de R$ 2,5 milhões foram movimentados no esquema
O humorista e influenciador digital Dilson Alves da Silva Neto, conhecido como Nego Di, e sua companheira, Gabriela Vicente de Sousa, prestaram depoimento nesta segunda-feira (9), no âmbito do processo que apura um suposto esquema de fraude em rifas online no Rio Grande do Sul. Segundo o Ministério Público (MP), responsável pela acusação, o esquema teria movimentado mais de R$ 2,5 milhões.
De acordo com o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJRS), também foram ouvidas testemunhas de defesa e de acusação na audiência, que marcou o encerramento da fase de instrução do processo — etapa destinada à coleta de provas. A data do julgamento ainda não foi definida.
Nego Di responde pelos crimes de estelionato, lavagem de dinheiro, uso de documento falso e promoção de loteria ilegal. Gabriela é ré por lavagem de dinheiro.
A defesa do casal, representada pela advogada Camila Kersch, declarou que “os réus puderam esclarecer os fatos durante o interrogatório” e afirmou estar “confiante na Justiça”.
Nos próximos dias, as partes envolvidas serão intimadas a apresentar suas alegações finais.
Influenciador já responde a outro processo por estelionato
Além do caso das rifas, Nego Di também é réu em outro processo por estelionato, no qual responde em liberdade. Ele é acusado de vender e não entregar produtos comercializados por uma loja virtual da qual era sócio. O MP estima que cerca de 370 pessoas sofreram prejuízos, que somariam aproximadamente R$ 5 milhões.
Ministério Público aponta fraude em rifa de Porsche
A denúncia do MP sustenta que a vencedora de uma rifa de um carro de luxo, avaliado em mais de R$ 500 mil, nunca existiu. Conforme o promotor Flávio Duarte, da 8ª Promotoria de Justiça Especializada Criminal, o esquema teria sido manipulado por Nego Di, que teria transferido o veículo a terceiros antes mesmo do término do sorteio e adquirido o número que foi posteriormente sorteado.
Um vídeo publicado por Nego Di nas redes sociais, logo após o sorteio, mostra o influenciador tentando ligar para a suposta vencedora. No entanto, chamou atenção dos investigadores que o número de telefone da suposta ganhadora já constava em dez cartões de contato do aparelho, evidência que, segundo o MP, indicaria que a pessoa seria fictícia.
“Ele fraudou a rifa para induzir o público ao erro, obter recursos ilícitos e simular a entrega do prêmio para uma pessoa que não existe”, afirmou Duarte.
Esquema teria dissimulado origem de valores ilícitos
O MP também sustenta que os valores arrecadados com as rifas foram lavados por meio de um complexo esquema financeiro. Segundo a investigação, os recursos inicialmente ingressavam na conta de um terceiro, eram posteriormente transferidos para uma empresa e, após diversas movimentações, retornavam ao controle do humorista com aparência de legalidade.
“O distanciamento da origem delituosa dos valores caracteriza o crime de lavagem de dinheiro”, explicou o promotor.
Rifas são ilegais sem autorização
De acordo com a legislação brasileira, a realização de rifas é permitida apenas a entidades beneficentes devidamente autorizadas pelo Ministério da Fazenda. No caso investigado, as rifas foram promovidas sem controle ou transparência, segundo o MP.
Em vídeos, Nego Di tentou legitimar as ações, destacando um suposto esforço para localizar vencedores: “Isso que influenciador faz, ninguém faz. A gente liga, vai atrás”, declarou o humorista.
O que diz a defesa
Em nota, a defesa de Dilson Alves da Silva Neto e Gabriela Vicente de Sousa afirmou que o processo tramita sob segredo de justiça e que os réus “puderam esclarecer os fatos durante a instrução processual”. “Estamos confiantes na Justiça”, concluiu a advogada Camila Kersch.
Fonte: G1