Divulgados detalhes de moedas raras encontradas no naufrágio mais rico do mundo, avaliado em R$ 95 bilhões x3ly
Por Redação Publicado 10/06/2025
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Galeão San José, afundado em 1708, transportava cerca de 180 toneladas de ouro, prata e pedras preciosas. Moedas cunhadas em Lima reforçam identificação da embarcação
Pesquisadores colombianos divulgaram detalhes inéditos sobre as moedas de ouro localizadas no que é considerado o naufrágio mais rico do mundo. Os estudos reforçam a hipótese de que os destroços encontrados na costa de Cartagena, na Colômbia, pertencem ao galeão San José, embarcação do Império Espanhol que afundou em 1708 carregando uma fortuna avaliada atualmente em cerca de R$ 95 bilhões.
Segundo registros históricos, o galeão transportava aproximadamente 180 toneladas de ouro, prata e pedras preciosas quando foi atingido por navios de guerra britânicos. A descoberta, feita em 2015, vem sendo explorada com auxílio de tecnologia de ponta para preservar a integridade do local.
Moedas revelam marcas únicas da Casa da Moeda de Lima
O estudo mais recente, publicado nesta terça-feira (10) na revista Antiquity, analisou imagens capturadas por veículos operados remotamente (ROVs) durante expedições realizadas em 2021 e 2022. As câmeras revelaram dezenas de moedas de ouro distribuídas entre os destroços, cercadas por outros artefatos históricos.
As peças, conhecidas como macuquinas, são moedas feitas à mão, de formato irregular, que circularam nas colônias espanholas por mais de dois séculos. Segundo a pesquisadora Vargas Ariza, autora do estudo, as moedas recuperadas possuem um diâmetro médio de 32,5 milímetros e pesam cerca de 27 gramas.
Os dois lados das moedas apresentam símbolos detalhados:
A frente exibe uma cruz de Jerusalém, cercada por quatro cruzes menores, além de um escudo decorado com castelos e leões.
O verso traz os Pilares Coroados de Hércules sobre ondas do mar, símbolo característico da Casa da Moeda de Lima, no Peru.
Análises revelaram ainda que algumas moedas foram cunhadas em 1707 e exibem marcas de um avaliador que certificava a pureza do metal, reforçando a cronologia do naufrágio. Como o San José partiu para a Espanha em 1708, essas evidências sustentam a tese de que as moedas pertenciam ao carregamento original do galeão.
Reconstrução digital preserva o local do naufrágio
Devido à profundidade e fragilidade do sítio arqueológico, os cientistas optaram por não remover as moedas. Em vez disso, realizaram uma reconstrução tridimensional digital do navio, permitindo uma análise detalhada sem perturbar o local.
“A identificação das moedas é fundamental para entendermos a cultura material e para datar o evento histórico”, explica Vargas Ariza.
Disputa internacional pelo tesouro do San José
Embora os achados reforcem a identificação do naufrágio como o do San José, a confirmação oficial ainda depende de análises complementares. O processo de verificação está sendo conduzido pelo governo colombiano.
O caso é alvo de intensas disputas internacionais. A Colômbia busca utilizar parte do tesouro para financiar a recuperação arqueológica, mas a legislação local pode impedir a venda de bens considerados patrimônio histórico. Já a Espanha reivindica a carga com base na Convenção sobre o Direito do Mar, que estabelece que embarcações de guerra naufragadas continuam pertencendo à nação original.
Além disso, empresas privadas também alegam participação na descoberta, aumentando a complexidade legal da questão.
O maior tesouro submerso da história
O San José fazia parte de um comboio que transportava metais preciosos do Peru para a Espanha durante o período colonial. Sua carga jamais chegou ao destino, tornando o naufrágio um dos mais cobiçados da história marítima.
A expectativa é que futuras pesquisas e avanços tecnológicos tragam novos detalhes sobre o tesouro e sobre o próprio galeão, que continua repousando a mais de 600 metros de profundidade no mar do Caribe.