Governo mira investimentos da classe média em nova proposta de cobrança de impostos 242u38

Mais uma vez, a conta parece sobrar para a classe média. O governo federal apresentou ao Congresso Nacional uma proposta que inclui o fim da isenção de Imposto de Renda para dois dos investimentos mais populares entre pequenos e médios aplicadores: a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e a LCA (Letra de Crédito do Agronegócio). A medida é parte de um pacote elaborado para substituir o aumento do IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), que enfrentou forte resistência no Legislativo.

Atualmente isentas de imposto, essas aplicações são vistas como alternativas seguras e previsíveis por quem busca rentabilidade com menor risco, especialmente em tempos de instabilidade econômica. Com a proposta do governo, os novos investimentos em LCI, LCA e até mesmo debêntures incentivadas arão a ser tributados em 5%. Os títulos já emitidos permanecerão com a isenção.

Enquanto mira grandes arrecadações com apostas e fintechs, a proposta atinge justamente o investidor comum — aquele que procura uma forma de proteger seu dinheiro sem se arriscar na bolsa ou em produtos mais complexos. Além das mudanças nos investimentos, o governo também quer aumentar de 12% para 18% a taxação sobre a receita bruta das casas de apostas esportivas (as chamadas “bets”) e elevar de 9% para 15% a Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) das fintechs.

As propostas surgem após a pressão de parlamentares contra o decreto que aumentou o IOF, considerado impopular. Para evitar sua derrubada no Congresso, o Planalto se antecipou e preparou um novo pacote para garantir os R$ 18 bilhões que espera arrecadar em 2025.

O anúncio foi feito após uma reunião de mais de cinco horas entre o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, e líderes da Câmara e do Senado. Segundo Haddad, a substituição do aumento do IOF por esse novo conjunto de medidas será detalhada em uma Medida Provisória a ser publicada ainda esta semana.

Caso a proposta do governo seja aprovada, os Certificados de Depósito Bancário (CDBs) podem se tornar uma alternativa viável para pequenos investidores. Embora sejam tributados pelo Imposto de Renda, há isenção para aplicações de até R$ 5 mil feitas por pessoas físicas, desde que o resgate ocorra após 30 dias. Além disso, muitos CDBs oferecem liquidez diária e rentabilidade superior à poupança, o que pode compensar a nova taxação sobre LCI e LCA.

Na prática, as novas propostas mostram que, apesar do recuo em um ponto, a carga tributária continua avançando — e, mais uma vez, é o investidor de classe média quem sentirá primeiro o impacto no bolso.

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