Gabi, a Gari: Jovem de Teutônia inspira com determinação e vontade de crescer

A jovem Gabriela Silva Silva, de 21 anos, ganhou destaque nas ruas de Teutônia e, mais recentemente, de Estrela (RS), ao trabalhar como gari – função ainda pouco comum entre mulheres. Conhecida como “Gabi, a Gari”, ela chama a atenção não apenas pela presença feminina em uma atividade predominantemente masculina, mas também por ser vaidosa em meio ao trabalho de coleta de lixo, onde atua há oito meses.
Trajetória e inspiração familiar
O convite para ingressar na profissão surgiu de duas pessoas próximas: o pai, que também é gari e almeja se tornar motorista na mesma empresa; e o namorado, Dionata Benites, de 22 anos, que divide com ela boa parte das horas de trabalho no dia a dia.
“Já sabia como era a rotina. Fui fazer um teste em um dia, gostei e não parei mais. Prefiro essas dificuldades do que ficar em uma linha de produção, como era meu antigo serviço”, explica Gabi.
Além de percorrer novos lugares em Teutônia, a dupla agora atua em Estrela, conhecendo ruas e moradores. “Sempre temos um tempinho para conversar com alguém ou nos intervalos. O pessoal nos trata com muito carinho”, conta a gari. E, claro, o apoio do namorado é fundamental:
“Me sinto feliz. Trabalho ao lado de quem gosto e iro. Sei que olham para ela, mas não é por maldade, talvez por curiosidade ou iração”, afirma Dionata.

Vaidade e cuidados no dia a dia
Apesar de exercer um trabalho pesado e lidar com situações adversas, Gabriela não abre mão de se cuidar:
- Cabelos: “Preciso lavar todo dia, hidratar sempre, pois ficam expostos ao sol e à poeira.”
- Unhas e pele: Mantém atenção constante, mesmo usando luvas e roupas apropriadas para evitar cortes e outros acidentes.
- Roupas casuais: “Adoro me arrumar para sair, usar bons perfumes… como qualquer mulher.”
A gari comenta que boa parte dos olhares nas ruas vem de pessoas curiosas com a presença feminina na coleta. Ainda assim, ela se sente respeitada pelos moradores que entendem a importância do serviço que realiza.
Principais desafios na coleta
- Condições climáticas:
- Sol forte no verão é o maior obstáculo, segundo Gabi.
- Frio intenso no inverno e chuvas também dificultam a rotina.
- Cheiro forte do lixo:
- Com o tempo, ela se acostumou ao odor, mas ainda é algo que exige estômago forte.
- Objetos cortantes e pontiagudos:
- Mesmo com luvas robustas, há riscos de cortes e perfurações.
- Falta de separação adequada do lixo agrava o problema, gerando acidentes e aumentando o perigo.
Gabi ressalta a importância de indicar e embalar corretamente os resíduos que possam machucar: “Seria ótimo se todos pudessem fazer a separação correta, tanto dos cortantes quanto dos orgânicos.”
Olhar para o futuro: educação e conscientização
Preocupada com o meio ambiente, Gabriela deseja aprofundar conhecimentos e retomar os estudos, que parou no 9º ano. Seu objetivo é falar com mais propriedade sobre a importância do descarte correto do lixo, trazendo informações não só para a comunidade de Teutônia e Estrela, mas para outras regiões.
“Quero mostrar o dia a dia de um gari e incentivar mais mulheres a entrar onde quiserem, inclusive nesse ramo que não parece tão comum.”
Para fortalecer esse propósito, Gabi criou um perfil no Instagram, @gaby_agari, onde pretende compartilhar detalhes da rotina na coleta, curiosidades e dicas de educação ambiental. “Tenho sonhos como qualquer outra jovem e quero crescer na empresa, assim como meu pai. Ao mesmo tempo, desejo mostrar e valorizar minha profissão”, afirma.
Por Rodrigo Angeli / Redação Agora no Vale

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