Quando a rotina se transforma em cachaça 4q5u8

Símbolo de brasilidade, caipirinha é o drinque feito com limão, açúcar e uma boa cachaça. E nesse quesito, que Tiago Flach e Vilson Schneider são especialistas. Sócios proprietários de uma cachaçaria em Poço das Antas produzem a cachaça Prata e as envelhecidas em barris de Cabriúva, Umburana, Carvalho e de Grápia.
O desejo de empreender no meio rural e ter mais qualidade de vida era um desejo antigo tanto de Tiago como de Vilson.
A vontade de voltar ganhou força, quando juntos, procuraram a Emater e decidiram abrir o próprio negócio em 2015. Um ano depois começaram a produção, a qual alcança em média 17 mil litros por ano.
A venda, em sua maior parte, ocorre em feiras e exposições pelo Estado. Restante é destinada para mercados do Vale do Taquari, Rio Pardo, Serra Gaúcha e Metropolitana.

Entrevista 5r1mb
Agora no Vale – Por que vocês escolheram a cachaça para empreender?
Tiago e Vilson – O sonho sempre foi voltar para o município e investir em um negócio no meio rural. Na época tínhamos mais opções, mas logo demos espaço ao projeto da Cachaçaria. Em primeiro lugar, alinhamos a questão da matéria-prima em nossa propriedade e de acordo com o clima. Enxergamos na cana-de-açúcar um potencial muito grande. Depois fizemos estudos de mercado, levantamos muitas informações que nos guiaram para investirmos na produção de cachaça. Nosso foco sempre foi na qualidade e nunca na quantidade.
Agora no Vale – Como é a rotina de trabalho de vocês na agroindústria?
Tiago e Vilson – Nossa rotina é bastante corrida. Como nos envolvemos em todas as etapas do processo, precisamos planejar muito bem o dia para conseguir cumprir com todas as tarefas.
Agora no Vale – Que características vocês acham importante o profissional que atua nessa área ter?
Tiago e Vilson – Pensamos que em primeiro lugar é preciso gostar do que se faz, como em qualquer outra profissão. Depois é preciso muito conhecimento para conduzir as tarefas da melhor maneira possível, sempre muito atento a melhorias e inovações.
Agora no Vale – Como é empreender no agronegócio?
Tiago e Vilson – De modo geral vemos que empreender no agronegócio é muito parecido a empreender em qualquer outro negócio. É preciso ter coragem e motivação para todo dia fazer e buscar o melhor. Depois é preciso contar com alguns fatores que nem sempre se tem controle, principalmente por questões climáticas que podem interferir na produtividade da matéria-prima.
Agora no Vale – Quem fornece a matéria-prima?
Tiago e Vilson – Produzimos praticamente toda a matéria-prima processada na cachaçaria. É uma das etapas mais importantes para se produzir uma cachaça de qualidade e por isso não abrimos mão. Depois de plantada, a cana-de-açúcar precisa aproximadamente um ano há um ano e meio para estar pronta para a colheita. Na lavoura é preciso muita dedicação. É um trabalho que precisa ser pensado e que também envolve muito a parte física.
Agora no Vale – A cachaça é considerada um patrimônio brasileiro. Como avaliam o consumo no país e o crescimento do setor?
Tiago e Vilson – O consumo de cachaça artesanais vem crescendo ano após ano e, como produtor, vemos um horizonte muito bonito para ser explorado. Novas tecnologias e novas técnicas fazem com que produtos cada vez mais completos sejam desenvolvidos. Isso imediatamente desperta a atenção de consumidores cada vez mais exigentes e conscientes.
Agora no Vale – Como foi para vocês vencerem o concurso na Expointer em 2019?
Tiago e Vilson – Foi uma experiência muito bonita. Ao mesmo tempo em que o destaque nos dava uma segurança a mais ao falar de nós, dava ao consumidor uma segurança em apostar na nossa marca. Com certeza serviu como uma vitrine para a nossa agroindústria.
Agora no Vale – Quais os principais desafios dessa atividade?
Tiago e Vilson – Vemos que o consumidor de produtos artesanais cria uma expectativa muito grande por esse tipo de produto, por isso a constante evolução e busca de conhecimento é fundamental. Como produtor, vejo ainda, que precisamos trabalhar diariamente a parte consumo, para que assim, entenda e aprecie de forma consciente cada detalhe desse produto tão brasileiro.
Agora no Vale – E a marca homenageia alguém?
Tiago e Vilson – A marca é uma homenagem ao avô, Pedro Guilherme Schneider conhecido como Wille, diminutivo de Wilhelm que na língua alemã dos imigrantes então predominantes na região significa Guilherme. Produtor de cana-de-açúcar e apreciador de cachaças, embora não tivesse um alambique produzia com parceria em um sistema que na época se chamava “meia”, onde um dos parceiros dispunha da matéria prima e o outro dos recursos tecnológicos – no caso um alambique – e da mão de obra necessária, dividindo o produto final. No entanto, as cachaças do Wille nunca foram comercializadas e eram distribuídas para os moradores locais e claro consumidas e apreciadas pelo líder comunitário. Agora, nós que somos netos, resgatamos sua memória através da Cachaçaria Wille.
Agora no Vale – Vocês preferem caipirinha de cachaça ou de vodka?
Tiago e Vilson – (risos). Preferimos a de cachaça. Mas a diversidade é bonita e gostosa, às vezes é necessária para termos certeza do que é melhor.
