Produtores de Lajeado investem no cultivo de tomate 6x1m3
Por Redação / Agora Publicado 23/06/2023
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“Olha, eu desconhecia total de tomate, nunca tinha me desafiado a plantar, não sabia nem por onde começar”. Quem vê a estufa com um total de 230 pés de tomates da variedade híbrida Runner distribuídos em quatro linhas de plantio, quase não acredita na frase dita pelo agricultor Leandro Lange, da localidade de Conventos, em Lajeado. Produtor de alimentos orgânicos – especialmente hortaliças – há quase uma década, Lange nunca tentara produzir o fruto do tomateiro. Muito pelas dificuldades de manejo, especialmente no que diz respeito às doenças e insetos. Ao menos foi assim até meados de 2022.
Foi a partir da demanda para atendimento das políticas públicas de abastecimento do município – especialmente do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) -, que a Emater/RS-Ascar e famílias produtoras debateram e se articularam com vistas a organizar uma capacitação. Assim, de junho a setembro do ano ado, um grupo de 12 agricultores participou de um nivelamento em cinco módulos virtuais com aulas noturnas sobre cultivo de tomate. Entre eles o próprio Leandro, que foi incentivado pela extensionista local.
Durante a qualificação, temas diversos como potencialidade da hortaliça, escolha da cultivar, produção da muda, condução e desbrota e fertilização e nutrição da planta foram debatidos em atividades teóricas e práticas, o que incluiu visitas a outros horticultores. Muitas vezes o “calcanhar de Aquiles” do cultivo, o manejo de pragas recebeu ampla atenção da equipe da Emater/RS-Ascar, especialmente por conta da suscetibilidade do tomate aos ataques de fungos, bactérias, viroses e outros. “A ideia geral foi a de possibilitar uma formação básica que permitisse avaliar coletivamente desafios e potencialidades da produção, num período não tradicional na região, como é o cultivo de saída de verão, com colheita durante o inverno”, avalia a extensionista da Emater/RS-Ascar Andréia Binz Tonin.
No caso de Lange, a expectativa para o auge da produção é a de que cada planta renda uma média de cerca de cinco quilos do fruto. “As questões climáticas que envolvem excesso de chuva ou de calor podem ser limitadoras, até mesmo por aumentarem a incidência de doenças”, explica o agricultor, que salienta ainda que o plantio foi realizado um pouco mais tarde do que o normal – no caso, no mês de março. “O ideal seria que o plantio tivesse ocorrido até meados de fevereiro”, pontua. Ainda assim há uma boa expectativa para a safra que também será, em partes, comercializada nas feiras locais.
Outro participante da capacitação, o jovem Daniel Schlabitz, de Conventos, também tem uma memória não muito positiva das tentativas anteriores do pai, o seu Frederico, de plantar tomate. “A gente sofreu muito com a murchadeira” comenta, citando a conhecida doença bacteriana que murcha as plantas, inviabilizando o cultivo pela contaminação definitiva do solo. Nesse sentido, a capacitação representou um novo ânimo para a família, que há décadas planta hortaliças diversas para comercializar na feira local. “Na realidade tem sido um aprendizado para todos nós”, salienta Daniel, que tem 20 anos.
Também apostando no cultivo protegido em estufa, em vasos, a família plantou em março 324 mudas da mesma Runner, que foi recomedada por conta de sua tolerância às doenças e por sua capacidade de maturação mesmo em períodos frios. Nesse sentido, o principal desafio que se apresentou foi o da traça do tomateiro, que exigiu uso continuado de ferramenta biológica de controle. Ainda assim, a expectativa da família é a de colher também uma média de cinco quilos por planta. “Se der certo pretendemos colocar uma nova estufa já no ano que vem”, frisa Frederico, que salienta ainda o potencial do cultivo na comercialização direta para o consumidor. “Essa janela de inverno é estratégica”, completa o extensonista da Emater/RS-Ascar Lauro Bernardi, que destaca a construção do aprendizado como um ponto positivo para a tarefa para qual técnicos e produtores foram desafiados.