Será que estou traumatizando meu filho? 96v26

Por Redação / Agora Publicado 10/08/2022

Ouvir: 00:00

A infância é uma fase com grande influência na vida adulta. As experiências vivenciadas quando somos pequenos permanecem na nossa mente, fazendo com que muitos comportamentos atuais sejam reflexos antigos de dores não curadas.

Diferente do que se escuta por aí, um trauma de infância não serve de aprendizado, mas sim para deixar cicatrizes influentes nas emoções adultas.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), 40 milhões de pessoas com idade inferior a 15 anos são vítimas, todos os anos, de violência e privações em todo o mundo. 30% a 60% dos maus tratos acontecem no seio familiar. Cerca de quatro milhões de adolescentes foram vítimas de violência grave e nove milhões testemunharam atos de violência. (Fonte: National Center for Children Exposed to Violence – U.S.A.).

Trauma tem relação com traumatismo, que significa lesão ou ferida produzida por ação violenta e externa ao organismo que pode ou não deixar sequelas.

Na psicologia, um trauma é definido pela forma como uma pessoa reage aos eventos. As situações traumáticas são fatos e eventos que surpreendem negativamente os seres humanos, como: desastres naturais, acidentes, doenças graves, perda de pessoas amadas, assaltos, torturas, abusos, etc. Uma pessoa pode ar por essas situações, sem, necessariamente, ficar traumatizado.

Os traumas não possuem origem no evento traumático em si. Eles se originam a partir da resposta psíquica para o acontecimento negativo, tanto no momento em que ocorreu, como na sequência, por isso que muitos adultos justificam que apanharam e não sofrem conscientemente sequelas disso.

É importante ressaltar que os traumas de infância não se manifestam da mesma forma nas pessoas. É por esse motivo que existem situações que traumatizaram muito alguns, mas ao mesmo tempo não causaram nada além de desconforto para outros.

Alguns comportamentos na vida adulta indicam que as necessidades da infância não foram bem atendidas:

Ter dificuldades para falar sobre o que sente;
Não saber como reagir quando é elogiado ou desmerecer o elogio;
Ter problemas de convivência por não saber gerenciar a própria raiva ou a tristeza profunda.
Ter “pavio curto” e explodir sobre qualquer coisa;
Não conseguir ficar sozinho;
Se sentir responsável por tudo e todos em grande parte do tempo;
Se cobrar demais;
Se sentir inferior ou insuficiente constantemente;
Submeter-se a relacionamentos tóxicos várias vezes;
Agir com violência.

Portanto, se você tem dúvidas se está traumatizando seu filho, conscientize-se primeiramente sobre suas próprias dores emocionais e avalie se sua conduta reproduz violência. Educar com amor, compreensão, paciência, respeito e tolerância é o caminho saudável, por isso a importância de primeiramente nos reeducarmos para educar.

por Maria Júlia Lohmann Wagner
Psicóloga
Especialista em terapia cognitivo-comportamental e terapia do esquema
Instagram: @maju.psi