Entenda porque seu filho não tem um transtorno de personalidade 4s6m1m
Por Redação / Agora Publicado 18/07/2023
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É comum escutarmos que as crianças têm personalidade forte, por vezes aparentam serem mais desafiadoras, algumas mais calmas, outras mais ansiosas, umas mais íveis, outras mais fechadas e por aí cada uma vai recebendo devidas atribuições e características próprias.
Todos esses aspectos fazem parte da personalidade, mas a personalidade do ser humano é desenvolvida, conforme estudos atuais, até o início da vida adulta. Portanto, uma criança ainda não tem personalidade formada, consequentemente não tem como ser diagnosticada na infância como tendo um transtorno de personalidade.
A personalidade é composta pelo temperamento (componente neurobiológico da personalidade) e interação com o meio que a criança se desenvolve.
Atualmente a teoria mais aceita dos fatores que compõem a personalidade é conhecida como Big Five ou modelo dos 5 Grandes fatores.
Todos nascemos com cinco dimensões do temperamento: neuroticismo, extroversão, amabilidade, conscienciosidade (ou realização) e abertura, porém em medidas diferentes.
A imagem a seguir ilustra as cinco dimensões:
Vamos compreender o que cada dimensão significa:
Abertura: refere-se à disposição de uma pessoa para experimentar novas ideias e experiências, bem como à sua criatividade e curiosidade. Pessoas com alta abertura geralmente têm amplos interesses, são mais criativos, proativos, originais, flexíveis e tolerantes.
Conscienciosidade: refere-se à organização e responsabilidade de uma pessoa, bem como à sua capacidade de planejar e seguir um plano. Pessoas com baixa conscienciosidade são pouco disciplinadas, desorganizadas e pouco persistentes.
Extroversão: refere-se à sociabilidade e à busca de estímulos externos, bem como à confiança e à energia de uma pessoa. Pessoas com alta extroversão gostam de trabalhar em grupos, costumam ser ativas, falantes, cheias de energia e super sociáveis.
Amabilidade: refere-se à empatia, cooperação e altruísmo de uma pessoa, bem como à sua capacidade de manter relacionamentos harmoniosos. Enquanto a extroversão é avaliada pela quantidade e intensidade das relações, a amabilidade nos diz da qualidades dessas relações. Pessoas com alta amabilidade são afetuosas, comivas, empáticas, confiáveis. Pessoas com baixa amabilidade são mais egocêntricas, mais competitivas do que cooperativas, podem ser mais rudes e mais desconfiadas com relação aos outros.
Neuroticismo: refere-se à regulação emocional, como a pessoa consegue reagir diante das adversidades e retornar ao estado de bem-estar. Pessoas com alto neuroticismo costumam ser mais reativas, hostis, impacientes, impulsivas. Quando essa característica é baixa, a tendência é de serem mais pacientes, calmos, estáveis, menos reativos.
Após ler as cinco dimensões é natural pensar que existem características melhores e piores, mas a verdade é que dependendo do meio que a pessoa está pode ser protetivo por exemplo apresentar baixa amabilidade, uma criança com baixa amabilidade fica menos vulnerável em um ambiente hostil, uma criança com alta amabilidade provavelmente sentiria-se desamparada.
Conhecer características de cada temperamento, auxilia para compreender como podemos compreender melhor cada ser humano. São várias combinações dessas dimensões que podem existir, todos temos as 5 dimensões em diferentes medidas, por isso a personalidade é tão complexa.
Características de temperamento conhecidas popularmente como fleumática, colérica, melancólica e sanguínea, não são fundamentadas cientificamente e não são consideradas para análise da personalidade.
Um transtorno de personalidade é reconhecido por um padrão persistente de comportamento que se desvia acentuadamente das expectativas da cultura do indivíduo, é difuso e inflexível, começa na adolescência ou início da fase adulta, é estável ao longo do tempo e leva a sofrimento ou prejuízo.
Os profissionais capacitados a avaliar transtornos de personalidade são psiquiatras e psicólogos. Na dúvida busque por esses profissionais e cuide da sua saúde mental.
por Maria Júlia Lohmann Wagner Psicóloga Especialista em terapia cognitivo-comportamental e terapia do esquema Instagram: @maju.psi
